O Tabu do Ovo e o Risco Cardiovascular

A boa prática da medicina moderna orienta que as condutas médicas sejam baseadas em evidencias, mas muitas vezes os estudos científicos não encontram resultados politicamente corretos.

Por muitos anos o consumo de ovos de galinha ( 210mg de colesterol) foi banido da dieta dos pacientes com colesterol elevado decorrente da recomendação da diretriz americana que orientava o consumo máximo de 300mg de colesterol por dia. Porém a associação entre o ovo e o risco cardiovascular era incerta.

Em Janeiro de 2013, foi publicado uma metanálise com objetivo de avaliar a associação entre o consumo de ovo versus o risco cardiovascular e AVC.

Foram selecionados artigos publicados no PUBMED até Junho de 2012, onde 8 estudos de coorte prospectivos em que o consumo de ovo foi avaliado a partir de questionários e comparados com o risco de desenvolver eventos coronarianos ou AVC em um seguimento de 10 a 20 anos.

Não houve associação entre o consumo de mais de um ovo por dia e o risco de desenvolver doença coronariana ou AVC. No entanto, na análise de subgrupos , os pacientes diabéticos com consumo maior de ovos comparados com os que consumiam menos ovos, demonstraram um maior risco de doença coronariana Risco relativo 1,5) e menor risco de AVC hemorrágico (RR 0,8). Porém é importante considerar os resultados dos diabéticos com ressalva, pois foi uma análise de subgrupos.

Estes resultados podem ser decorrentes da capacidade do ovo aumentar a concentração plasmática de HDL que é um importante protetor cardiovascular.

Estes dados são importantes, pois o ovo é barato, e pode ser importante fonte de alimento para pacientes de baixa renda.

Apesar da nossa cultura médica ser muito influenciada pelos Americanos, atualmente, guidelines de recomendação de dieta saudável de vários países como Nepal, Tailândia, e África do Sul recomendam o consumo de ovo diariamente ou regularmente.


Fonte: Cardiopapers